segunda-feira, 6 de outubro de 2025

O Mestre do Ragnarok - Capítulo 01

Capítulo 01

“““““Ooooooohh!!”””””

Um clamor de guerra ecoava por todo o campo.

A vibração dos milhares de pés batendo no chão chegava até o núcleo do corpo através das rodas da carruagem. Era como se a própria terra estivesse tremendo.

No alto de uma carruagem puxada por três cavalos um trólei, ou charriot Yuto mantinha seu olhar firme sobre o campo de batalha.

No deserto poeirento, inúmeros cadáveres jaziam espalhados. A maioria eram inimigos, mas não faltavam perdas do próprio lado também.

As armas, abandonadas por seus donos, brilhavam douradas sob o sol. O cheiro de sangue misturado à poeira fazia Yuto sentir náusea. Ele ainda não se acostumara com o ar do campo de batalha.

Comparado à sua primeira batalha, pelo menos desta vez ele não vomitara, o que já era uma melhora.

“Você realmente tomou a melhor decisão, meu irmão. Como esperado de você, sua tática é exemplar. Conseguir derrotar inimigos em superioridade numérica com tanta facilidade… Só posso dizer que você é a encarnação de um deus da guerra”, elogiou Felicia, a mulher que estava ao lado de Yuto com uma voz animada.

Ela era uma mulher de beleza marcante, com um sorriso maduro e atraente. Seus longos cabelos dourados, chegando até a cintura, flutuavam ao vento, e suas vestes brancas levemente transparentes pareciam deslocadas naquele campo de batalha.

“Não é nada demais”, respondeu Yuto com frieza, sem arrogância nem humildade. Para ele, aquilo não era motivo de orgulho. Ele apenas sabia o que precisava fazer.

“Os verdadeiros gênios são Alexandre, o Grande, ou Oda Nobunaga. Não foi ideia minha.”

“Ha? Ale…?”

Felicia inclinou a cabeça, confusa, e Yuto apenas sorriu levemente.

Na batalha recente, Yuto utilizara a formação de falange com infantaria pesada, armada com lanças de tamanho absurdamente longo três a quatro vezes a altura de um homem normal. Um método que estava centenas de anos à frente de seu tempo.

Em combates individuais, tal lança era inútil, desajeitada e impossível de manobrar. Por isso ninguém sequer consideraria sua utilização.

Mas em batalhas de grupo, tornava-se uma arma letal. Mantendo a formação fechada, podia empurrar as lanças além do alcance do inimigo, criando uma espécie de “barreira de lanças” que impedia aproximação e gerava uma pilha de cadáveres.

A sarissa de Alexandre e a lança de Oda Nobunaga eram estratégias infalíveis de heróis que se tornaram soberanos em seu tempo.

“Minha… é apenas uma técnica simples… ops!”

Yuto engoliu as palavras antes de continuar, desviando o olhar de Felicia.

“Ah, hehe,” disse Felicia com um sorriso travesso. Ela percebera o que o havia deixado constrangido.

O rosto de Yuto ficou vermelho. Era inevitável que ele notasse o movimento dos seios fartos balançando à sua frente. Mas ali era um campo de batalha, e ele não tinha tempo para distrações. Sacudindo a cabeça, afastou os pensamentos e voltou a observar o front.

“Certo, os inimigos claramente estão desorganizados. É hora de atacar. Levantem o estandarte, todo o exército… Ataque!”

Yuto agitou sua capa e ergueu a mão, dando a ordem.

“Buuuuuuu! Buuuuuuu!!”

Os soldados ao redor tocaram longas cornetas. Um clamor ensurdecedor ecoou. Yuto fechou os olhos por um instante, apenas para cruzar com um corpo caído no chão um rosto conhecido, alguém com quem trocara algumas palavras antes.

A morte daquela pessoa foi resultado direto da estratégia de Yuto. Um peso amargo tomou seu coração.

“Por que eu estou fazendo isso…”

Murmurou para si mesmo, sem direcionar a ninguém.

Já haviam se passado dois anos desde que chegara a Yggdrasil.

Homens e mulheres lutavam com espadas e lanças por pequenas porções de terra, carruagens corriam pelo campo de batalha ensanguentado. Os fortes tomavam tudo; os fracos eram esmagados.

Mesmo lançado nesse mundo bárbaro, Yuto, por uma série de eventos improváveis, tornou-se o líder da seita “Lobo”, assumindo o comando sobre vidas e mortes com uma única ordem.

“Meu irmão, você carrega tudo sozinho, como sempre, não é?”

De repente, Felicia o abraçou pelas costas. O calor do corpo dela trouxe a Yuto uma sensação de alívio. Apesar de seu jeito brincalhão, Felicia era sensível às nuances do coração humano. Ela sentiu sua tensão.

“~~♪”

Uma melodia suave acariciou os ouvidos de Yuto. Apenas ouvir a canção fez seu coração, antes coberto de ansiedade, relaxar.

Era a canção de maldição, Gardol. Um feitiço que aplicava efeitos aos ouvintes através da música.

“Não posso fazer muito, mas…”

“É suficiente. Obrigado.”

Yuto agradeceu sinceramente e soltou o abraço. O calor e o toque de Felicia, junto à música, acalmavam-no, mas também provocavam certa inquietação… principalmente em relação à parte inferior do corpo.

“Ah, irmão, você é tão teimoso!”

“A batalha ainda não acabou. Não posso relaxar…”

De repente, uma flecha passou a poucos centímetros de sua testa.

“Realmente não posso baixar a guarda”, disse Felicia, abrindo a mão e fazendo a flecha cair ao chão. Ela a pegou no ar com as mãos nuas incrível visão e reflexos sobre-humanos.

“Hyuun! Hyuun! Hyuun!”

Incontáveis flechas caíram do front em direção a Yuto.

“Ah!”

Felicia rapidamente pegou uma corda e, com movimentos de ginástica rítmica, derrubou todas as flechas que vinham em sua direção. Apesar de pesada, ela manejava a corda com facilidade, mostrando força sobre-humana mesmo sendo mais fraca que Yuto.

“Obrigado, Felicia. Sua habilidade com a corda é impressionante. Você tem jeito de rainha.”

“Risada. Mas o rei é você, irmão. Ou será um pedido de casamento?”

Felicia brincou, mas Yuto sabia que, mesmo em tom de brincadeira, ela o protegia e mantinha sua calma em campo.

Ela também dominava espada e lança com maestria, sendo uma das melhores da seita “Lobo”.

Além disso, ela nunca se comportava de forma leviana, sempre cuidando para que Yuto não perdesse o foco. Esse autocontrole, mesmo sob risco de morte, era admirável.

“Humm, parece que vem daquele ponto”, disse Felicia, fixando o olhar em uma pequena colina, onde um homem armado com arco estava.

Ao perceber que fora notado, ele correu colina abaixo, desaparecendo entre os inimigos.

Yuto observou, murmurando:

“Cem metros de distância, fácil. Até Nasuno Yoichi ficaria impressionado.”

“Somente o ‘Pequeno Elfo Branco’ Ryos Alv poderia fazer tal proeza com seu arco. E Felicia conseguiu defender tudo. Os Einherials continuam inumanos.”

Yuto sorriu levemente. No mundo dele, e neste, os Einherials humanos escolhidos pelos deuses eram uma diferença clara. Eles possuíam runas em partes do corpo que lhes concediam proteção e habilidades especiais.

Felicia, sua vice-comandante, também era um Einherial, jovem e já uma das melhores guerreiras da seita, graças à força de suas runas.

“Rune está segura… certo?”

Yuto pensou em outro Einherial da seita, observando com preocupação a linha de frente. A batalha se intensificava. A seita “Lobo” avançava, mas no campo de batalha nada era certo; mesmo em vitória, a morte podia chegar como o soldado desconhecido que acabara de morrer.

“Fufu, não se preocupe. Ela é uma Marna-Garm. Logo….”

Felicia começou a falar, mas o clamor da vitória na linha de frente abafou sua voz.

Os soldados ao redor ergueram os punhos, celebrando a vitória, enquanto o inimigo soldados do “Chifre” fugia ou se rendia.

Felicia sorriu, piscando para ele.

“Como eu pensei, Rune conseguiu fazer o que precisava.”